segunda-feira, 26 de abril de 2010

ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS - IV prefácio

LIVRO: ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS (2009)
DE: Jairo Marçal (org.)
ED: SEED/PR - Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Brasil, Curitiba: 2009, 736 págs.)

PREFÁCIO, por Marilena Chauí

I.
"É conhecido o famoso adágio: "a
filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual". Ou seja, a filosofia é perfeitamente inútil. Teria sido este o motivo para sua exclusão no Ensino Médio? Não foi o caso.
A filosofia foi excluída do currículo do Ensino Médio no período da ditadura, portanto, entre 1964 e 1980. De 1964 a 1968, não houve grandes mudanças na grade curricular. As sucessivas reformas da educação se iniciaram a partir de 1969, após a promulgação do Ato Institucional no.5 (em dezembro de 1968), que suspendeu direitos civis e políticos dos cidadãos em nome da segurança nacional. O primeiro momento da reforma do Ensino Médio deu-se sob a vigência do AI-5 e da Lei de Segurança Nacional.
Apesar do adágio sobre sua aparente inutilidade, a filosofia foi excluída da grade curricular por ser considerada perigosa para [a] segurança nacional, ou como se dizia na época, "subversiva". Foi substituída por uma disciplina denominada Educação Moral e Cívica, que supostamente deveria doutrinar os jovens para a afirmação patriótica e a recusa da subversão da ordem vigente. Como se sabe, no início, essa disciplina foi lecionada por militares, o que a tornou suspeita aos olhos dos demais professores e raramente foi levada a sério pelos alunos.
O sucesso da reforma estava noutro lugar.
Com efeito, a reforma deu ênfase aos conhecimentos técnico-científicos e manifestou desinteresse pelas humanidades, consideradas pouco significativas para o chamado "milagre brasileiro". Essa primeira reforma, que seria sucedida por várias outras, instituiu o modelo educacional que vigorou pelos quase 50 anos seguintes: o Ensino Médio passou a ser visto de maneira puramente instrumental (e não mais como um período formador), isto é, como etapa preparatória para a universidade e esta, como garantia de ascensão social para uma classe média que, desprovida de poder econômico e político, dava sustentação ideológica à ditadura e precisava ser recompensada. Para isso, teve início o ensino de massa, sob a alegação de democratizar a escola.
O modelo educacional submeteu o ensino às condições do mercado, isto é, tomou a educação como mercadoria, [1] seja ao estimular a privatização do ensino e minimizar a presença do Estado do campo da educação, tornando precária e insignificante a escola pública e fomentando a exclusão social; [2] seja ao adequar o ensino às exigências do mercado de trabalho, que passou a determinar a própria grade curricular, de tal maneira que cada reforma pode ser perfeitamente compreendida à luz das condições desse mercado em cada momento econômico e social do país; [3] seja, enfim, ao conferir pouca importância à formação dos professores, como atesta a introdução da chamada Licenciatura Curta, e ao não lhes assegurar condições de trabalho dignas.
Evidentemente, houve resistência e luta contra o modelo educacional implantado pelas sucessivas reformas. Desde os meados dos anos 1970, associações docentes e estudantis de todo o país lutaram pela revalorização das humanidades no Ensino Médio e, entre eles, estiveram os grupos que se empenharam pelo retorno do ensino obrigatório da filosofia.
Assim, a volta da filosofia ao Ensino Médio tem, hoje, um significado simbólico de extrema relevância ao assinalar a presença da ideia da educação como formação, isto é, [1] como interesse pelo trabalho do pensamento e da sensibilidade, [2] como desenvolvimento da reflexão para compreender o presente e o passado, e [3] como estímulo à curiosidade e à admiração, que levam à descoberta do novo.
Por isso mesmo, é grande a responsabilidade dos professores universitários de filosofia, pois lhes cabe a tarefa de preparar os docentes do Ensino Médio, por meio de [1] formação filosófica sólida, [2] formação pedagógica segura e [3] recursos bibliográficos amplos e adequados. Além de, juntamente com eles, exigir condições de trabalho dignas (desde o salário, o número de horas de aula, o tamanho das classes até a garantia de que, sejam quais forem as condições sócio-econômicas dos alunos, a escola lhes assegure o acesso aos recursos educativos)."

II.
"Retomemos o adágio que afirma a inutilidade da
filosofia.
Essa imagem encontra-se presente entre os alunos do Ensino Médio, que ainda estão marcados pelo modelo instrumental do ensino e pela figura dos exames vestibulares como fim último da existência escolar. Para muitos deles, a filosofia é um conjunto de termos abstratos, genéricos, na maioria das vezes incompreensíveis, palavrório que, no final das contas, se refere a coisa nenhuma. Curiosamente, porém, eles também costumam considerar a filosofia um conjunto de opiniões e valores pessoais, que orientam a conduta, o julgamento e o pensamento de alguém, variando de indivíduo para indivíduo - cada um tem "a sua filosofia".
Como quebrar essas imagens? Ou melhor, como fazer com que os alunos percebam que essas imagens não são absurdas, mas que seu sentido não é exatamente aquele com que se acostumaram? Como mostrar-lhes que a filosofia é um forma determinada de saber e não um conjunto fragmentado de opiniões, uma coleção de "eu acho que"? Como fazê-los compreender que esse saber é reflexivo e crítico (simultaneamente ruptura com o senso-comum e compreensão do sentido desse senso-comum)? Como levá-los a perceber que a filosofia possui uma história que lhe é imanente, mas que também a transcende, pois ela está na história? Como fazê-los ver que um filósofo interroga as questões de seu tempo para apreender o sentido da experiência vivida por ele e por seus contemporâneos e que, assim procedendo, nos ensina a interrogar nosso próprio presente?
Certamente, procedendo como o patrono da filosofia, Sócrates, convidando-os a interrogar o que são e de onde nascem suas crenças tácitas e suas opiniões explícitas. Essa interrogação, sabemos, levou Sócrates perante a Assembléia de Atenas, que o condenou como perigoso para a juventude. Essa interrogação levou à exclusão da filosofia no Ensino Médio, considerada subversiva pela Lei de Segurança Nacional. O convite a indagar sobre a origem e o sentido de nossas ideias, sentimentos e ações é, sem dúvida, um bom começo para a iniciação à filosofia.
Que caminho melhor para isso do que familiarizar os alunos com aquilo que é o cerne e o coração da filosofia, o discurso filosófico?
Experiência da razão e da linguagem, a filosofia é a peculiar atividade reflexiva em que, na procura do sentido do mundo e dos humanos, [1] o pensamento busca pensar-se a si mesmo, [2] a linguagem busca falar de si mesma e [3] os valores (o bem, o verdadeiro, o belo, o justo) buscam a origem e a finalidade da própria ação valorativa. Essa experiência [da razão e da linguagem], concretizada no e pelo trabalho de cada filosófico, constitui o discurso filosófico.
Por que a filosofia é um discurso dotado de características próprias, a iniciação a ela encontra um caminho seguro no ensino da leitura dessa modalidade de discurso, a fim de que os alunos aprendam a descobrir, no movimento e na ordenação das ideias de um texto, a lógica que sustenta a palavra filosófica para que possam analisá-la e comentá-la, primeiro, e interpretá-la, depois."

III.
"O que é ler?

Começo distraidamente a ler um livro. Contribuo com alguns pensamentos, julgo entender o que está escrito porque conheço a língua e as coisas indicadas pelas palavras, assim como sei identificar as experiências ali relatadas. Escritor e leitor possuem o mesmo repertório disponível de palavras, coisas, fatos, experiências, depositados pela cultura instituída e sedimentados no mundo de ambos.
De repente, porém, algumas palavras me "pegam". Insensivelmente, o escritor as desviou de seu sentido comum e costumeiro e elas me arrastam, como um turbilhão, para um sentido novo, que alcanço apenas graças a elas. O escritor me invade, passo a pensar de dentro dele e não apenas com ele, ele se pensa em mim ao falar em mim com palavras cujo sentido ele fez mudar. O livro que eu parecia dominar soberanamente apossa-se de mim, interpela-me, arrasta-me para o que eu não sabia, para o novo. O escritor não convida quem o lê a reencontrar o que já sabia, mas toca nas significações existentes para torná-las destoantes, estranhas, e para conquistar, por virtude dessa estranheza, uma nova harmonia que se aposse do leitor.
Ler, escreve Merleau-Ponty, é fazer a experiência da "retomada do pensamento de outrem através de sua palavra", é uma reflexão em outrem, que enriquece nossos próprios pensamentos. Por isso, prossegue Merleau-Ponty, "começo a compreender uma filosofia deslizando para dentro dela, na maneira de existir de seu pensamento", isto é, em seu discurso."
*
IMAGEM encontrada em... Ciranda Internacional de Informação Independente.

ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS - V índice remissivo

LIVRO: ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS (2009)
DE: Jairo Marçal (org.)
ED: SEED/PR - Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Brasil, Curitiba: 2009, 736 págs.)

A
absoluto, ação, acidente, acidentes essenciais, admiração, afeto, afetos passionais, afetos racionais, agnosticismo, ágora, Agostinho (de Hipona), aisthésis, Alcorão, Alexandre, Alexandre de Hales, Al-Farabi, alma, ambição, Ambrósio, amor, amor à liberdade, análise dos discursos, análise existencial, ancien régime (antigo regime), angústia, animal político, anormal, aparelho judiciário, aparelho uniformizador, aparência, aparência sensível, apetite, aristocracia, Aristóteles, arqueólogo do saber, arte moderna, arte ou artes, artes práticas, artes superiores e inferiores, assembleia, assembleia (membro da), associação política, astúcia, ateísmo, atividade abstrata do pensamento, ato, ato de conhecimento, ato voluntário, autarquia, autenticidade, autoalienação, autoconsciência, autoconsciência universal, autocracia, autocrático, autoilusão, autolibertação, autonomia, autoposição do sujeito, autoprovimento, autoridade, autoridade legislativa, autorreferencial, autorreferente, autossentimento, avareza, Averróis, Avicena

B
Bachelard (G.), Bacon (F.), base social, Bastilha, Bauer (B.), Baumgarten (A.G.), Beauvoir (S.), Beethoven, belas-artes, beleza, beleza (concepção schilleriana da), bellum omnium contra omnes, belo, bem, bem comum, bem-viver, Berkeley (G.), bíblia, biopoder, Blanchot (M.), bom, bondade, Bornheim (G.), Bossuet (J-B.), bourgeoisie, bourgeois, Brecht (B.), budismo, burguesia, burocracia, burocracia do Estado

C
Camus (A.), Canguilhem (G.), capitalismo, categorias, causa e efeito, causalidade, censura, certeza, ceticismo, ceticismo acadêmico, Cézanne (P.), Chardin, (J-B-S.), Chladni (E.F.), Cícero, cidadania, cidadão(s), cidade-estado, ciência(s), ciência clássica, ciência da lógica, ciência da sexualidade, ciência do absoluto, ciência estatal alemã, ciência moderna, ciências empíricas, ciências frívolas, ciências humanas, citas, citoyen, civilidade, civitas, classe (social), classe burguesa, classe dirigente, classe dominante, classe média, classe operária, classe(s) trabalhadora(s), classe (dominação de), classe (sociedade de), classes hierárquicas, classes (interesses de), classes (luta de), Cocteau (J.), cogito, coisa em si, coisa pensante, coisas materiais, comédia, competição, Comte (A.), comunidade, comunidade autárquica, comunidade civil, comunidade da família, comunidade de cidadãos, comunidade de pensadores, comunidade de puros espíritos, comunidade dos seres racionais, comunidade perfeita, comunidade política, comunismo, conceito(s), conceito(s) (formação do ou dos), conceito claro e distinto, conceito formal, conceito substancial, conceito (dialética superior do), conceito (diferenças do), conceito (exame do), conceito (lógica do), conceito (momento do), conceito (natureza do), conceito (negatividade do), conceito (objetividade do), conceito (realização do)...

segunda-feira, 29 de março de 2010

BASES FISIOLÓGICAS DA SEMIÓTICA PEIRCEANA - I resumo

DISSERTAÇÃO: AS BASES FISIOLÓGICAS DA ESTRUTURA TRIÁDICA DA SEMIÓTICA: ANÁLISE DOS PROCESSOS PERCEPTIVOS E COGNITIVOS DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA (2005)
MESTRADO: em Artes, do Programa de Pós-graduação em Artes, Instituto de Artes, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
ALUNO: Ronaldo Marin
ORIENTADOR: Ernesto Giovanni Boccara
PALAVRAS-CHAVE: Semiótica, Criatividade, Artes Plásticas, Ciências Cognitivas

RESUMO
"Neste trabalho procuramos demonstrar a existência de uma base fisiológica para a divisão triádica da semiótica estabelecida por Charles Sanders Peirce e que, o reconhecimento dessas bases pode apontar para o estabelecimento de uma teoria semiótica da criatividade. Assim, esta dissertação propõe que a estrutura triádica da semiótica deriva da própria estrutura evolutiva do cérebro humano. Utilizando-se a abordagem primeiramente proposta por Paul MacLean, de que o cérebro humano é produto de um processo evolutivo através do qual são mantidas e aperfeiçoadas suas estruturas básicas fundamentais, o que nos permite dividi-lo em arquiocórtex, paliocórtex e neocórtex, procuramos demonstrar a existência de uma relação direta entre tais estruturas e as categorias universais estabelecidas por Peirce. Sendo assim, são analisadas as possíveis relações entre a Primeiridade, a Secundidade e a Terceiridade com, respectivamente, o que foi denominado por MacLean de cérebro "reptiliano", cérebro "límbico" e cérebro "mamífero superior". Tais relações demonstram que a estrutura triádica encontrada por Peirce, baseado em suas categorias universais, não poderia ser diferente, pois é inerente a um aparato cognitivo de estrutura também triádica: o cérebro humano. Depois de explicitada, a base fisiológica da estrutura triádica da semiótica, tomamo-la como paradigma para a elaboração de nova abordagem para os processos criativos, assumindo que os mesmos decorrem da maior ou menor sensibilidade do indivíduo por uma ou outra categoria de percepção da realidade subjetiva ou objetiva ou mesmo pelo conjunto delas. Para demonstrar tal abordagem, analisamos a obra de alguns artistas a partir desse ponto de vista, estabelecendo assim, subsídios para uma teoria semiótica da criatividade."

BASES FISIOLÓGICAS DA SEMIÓTICA PEIRCEANA - II abstract

DISSERTAÇÃO: AS BASES FISIOLÓGICAS DA ESTRUTURA TRIÁDICA DA SEMIÓTICA: ANÁLISE DOS PROCESSOS PERCEPTIVOS E COGNITIVOS DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA (2005)
MESTRADO: em Artes, do Programa de Pós-graduação em Artes, Instituto de Artes, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
ALUNO: Ronaldo Marin
ORIENTADOR: Ernesto Giovanni Boccara
PALAVRAS-CHAVE: Semiótica, Criatividade, Artes Plásticas, Ciências Cognitivas

ABSTRACT
"This work aim to demonstrate that there is a physiologic base for the triadic division of Peircean semiotic and, if we accept this, we can point to the establishment of new semiotic theory for the creativity. This paper come to prop that the semiotic's triadic frame derives from the own human brain's evolutionary structure. Using the approach propose first of all by Paul McLean were the human brain is a product of an evolutionary process that keeps and increase it own fundamentals structure - which permits its approach as arquiocortex, paliocortex and neocortex - we try to demonstrate that its possible a straight relationship between such structures and the Peirce's universal categories. Thus the work brings out the possible relationship of Firstness, Secondness and Thirdness with respectively, what was named by MacLean as reptilian-brain, limbic-brain and high-mammalian-brain. Such relationship shows us that triadic frame founded by Peirce couldn't be different since it is inherent to a cognitive apparatus, which also owns an inner ternary structure: the human-brain. Finally, we use the physiologics bases of the semiotic's triadic frame as a paradigm for a new approach for the creative process, proposing they arose from the minor or mayor sensibility the individual has about one or another categories of reality's perception - that can be objective, subjective or both. For this demonstration we analyze the work of few artists from this point of view, offering thus dates for a semiotic theory of creativity."

sexta-feira, 19 de março de 2010

ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA - I capa e apresentação

LIVRO: ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA (2008)
DE: Edgar Roberto Kirchof
ED: EdiPUCRS (Brasil, Porto Alegre: 2008, 304 págs.)
Capa: Marcos Saporiti e Vinícius Xavier
Revisão: Patrícia Aragão e Susana Dantas Guindani
Editoração: Adriana Condessa Ferreira e Luciana Haesbaert Balbueno
Palavras-chave: estética, filosofia, semiótica, biologia

APRESENTAÇÃO, por Winfried Nöth
"Os fundamentos biológicos da estética, da arte, da poesia e da literatura narrativa, a estética biossemiótica e sociobiológica, a estética da semiosfera e da biosfera, a semiótica evolutiva da cultura e a estética das formas da natureza - inclusive das paisagens: tal é o fascinante mundo novo apresentado pelo presente livro, em uma síntese impressionante. Clareza, compreensibilidade e equilíbrio são os traços marcantes dessa síntese. O vanguardismo da temática - para muitos, ainda completamente desconhecida - é explicitado, e sua originalidade, discutida em relação à tradição da estética, desde a Antiguidade. Além disso, as teses, os argumentos e os resultados apresentados também são constantemente confrontados com seus críticos, de modo que o panorama desse novo mundo se revela em toda a sua amplitude e profundidade.
Aquilo que, para alguns, é fascinante devido à novidade e ao vanguardismo, para outros, é contraditório, pois, à luz do dualismo cartesiano - baseado em um oposição radical entre a matéria e o espírito, a natureza e a cultura, a necessidade biofísica e a autonomia da arte -, a ideia de uma estética com base na biologia e nas ciências da natureza deve parecer uma contradição em si. Diante disso, a biossemiótica possui, como objetivo programático, superar o pensamento dualista. Ela supera concepções diádicas na raiz da semiótica, através de um modelo triádico, de acordo com o qual não existe um abismo insuperável entre o significante e o significado. Antes, o signo desempenha um papel de mediação entre o mundo por ele representado e a interpretação realizada na perspectiva do ser humano. A semiótica evolutiva de Charles Sanders Peirce torna-se, portanto, uma chave essencial para ultrapassar a oposição entre a natureza e a cultura, o mundo biofísico da matéria, das plantas e dos animais, de um lado, e o mundo estético ligado à esfera da arte humana, de outro. Nesse contexto, o princípio peirciano do sinequismo é um pedra fundamental dessa nova construção semiocultural, pois permite substituir o pensamento dualista por um pensamento baseado em progressões graduais. Nessa perspectiva, entre o trivial de objetos não-artísticos e o sublime da arte, assim como entre a natureza e a cultura, não existe uma oposição inconciliável. Antes, uma evolui em direção à outra, em passos mínimos, de forma extremamente imperceptível. Tal concepção acerca das fases e das passagens graduais da natureza em direção à arte abre uma perspectiva completamente inédita e permite chegar a novos conhecimentos sobre os rudimentos da estética na natureza, bem como sobre os rudimentos da natureza na arte.
O presente livro é resultado da cooperação científica entre o Brasil e a Alemanha. Ele surgiu devido a uma pesquisa realizada por Edgar Roberto Kirchof no Centro interdisciplinar de estudos culturais da Universidade de Kassel (IAG Kulturforschung), que proporcionou inúmeras outras oportunidades de trabalho em conjunto. Como diretor desse centro e como parceiro de cooperação científica do autor do livro, já há vários anos, é com alegria especial que recomendo, ao público lusófono, a leitura desta publicação inovadora."

ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA - II sumário

LIVRO: ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA (2008)
DE: Edgar Roberto Kirchof
ED: EdiPUCRS (Brasil, Porto Alegre: 2008, 304 págs.)
Capa: Marcos Saporiti e Vinícius Xavier
Revisão: Patrícia Aragão e Susana Dantas Guindani
Editoração: Adriana Condessa Ferreira e Luciana Haesbaert Balbueno
Palavras-chave: estética, filosofia, semiótica, biologia

SUMÁRIO
Apresentação, por Winfried Nöth
Introdução

PARTE I - BIOLOGIA
1. ETOLOGIA
1.1 O que é etologia?
1.1.1 Konrad Lorenz
1.1.2 O mecanismo desencadeador inato
1.1.3 Principais críticas contra a etologia
1.2 Estética na etologia animal
1.2.1 Bernhard Rensch
1.2.2 Desmond Morris
1.3 Estética na etologia humana: etoestética
1.3.1 A estética de Konrad Lorenz
1.3.1.1 Beleza: um instinto para perceber harmonias
1.3.1.2 O feio: alarme contra o perigo da domesticação
1.3.1.3 A arte
1.3.2 Irinäus Eibl-Eibesfeldt
1.3.2.1 Pré-programação genética
1.3.2.1.1 Pré-programação genética da percepção
1.3.2.1.2 Pré-programação genética da percepção estética
1.3.2.2 Preconceitos humanos da percepção estética
1.3.2.3 Determinações culturais sobre a percepção estética: o estilo e as artes
1.3.3 Ellen Dissanayake e o maketing special

2. SOCIOBIOLOGIA
2.1 O que é sociobiologia?
2.1.1 Da etologia à sociobiologia
2.1.2 Da sociobiologia à psicologia evolutiva
2.1.3 Edward O. Wilson e a síntese sociobiológica
2.2 O organismo como veículo de genes
2.2.1 A genética determina o comportamento
2.2.2 Como surgiram os genes?
2.2.3 Dos genes aos memas: da natureza à cultura
2.3 Principais críticas contra a sociobiologia
2.3.1 Egoísmo e altruísmo como determinantes genéticos
2.3.1.1 Quem coordena as ações, o gene ou o organismo?
2.3.1.2 Unilateralismo filogenético
2.3.2 Posições unilaterais sobre a cultura
2.3.2.1 Incompatibilidade epistemológica
2.3.2.3 Reducionismo na análise dos fenômenos culturais: o caso da obra de arte
2.4 Estética, arte e literatura na perspectiva sociobiológica
2.4.1 Edward O. Wilson
2.4.2 Richard Dawkins
2.4.3 Estética, arte e literatura
2.4.3.1 As preferências estéticas
2.4.3.1.1 A apreciação da natureza
2.4.3.1.2 A apreciação das formas humanas
2.4.3.2 Biotemática
2.4 Perguntas em busca de respostas

PARTE II - SEMIÓTICA
1. EVOLUÇÃO DOS SIGNOS
1.1 Charles Sanders Peirce
1.1.1 Evolução
1.1.2 Estética e cosmologia
1.1.3 Estética e semiótica
1.2 A biossemiótica
1.2.1 O que é biossemiótica?
1.2.2 Hoffmeyer e a expansão da liberdade semiótica
1.3 A semiótica evolutiva da cultura
1.3.1 Ambigênese: gênese e metagênese
1.3.2 Os níveis evolutivos
1.3.3 Evolução da estética, da arte e da literatura

2. A BIOSFERA
2.1 Alguns conceitos preliminares: arte e estética
2.1.1 Arte ou natureza?
2.1.2 O que é estética afinal?
2.2 A experiência estética como processo biossemiótico
2.2.1 Enxames de enxames
2.2.2 As espécies e seus mundos
2.2.3 A teoria da Umwelt e a complexidade semiótica
2.3 A percepção estética do ser humano
2.3.1 A fisiologia da estética: sensibilidade visceral, tátil, gustativa e olfativa
2.3.2 A visão e a audição
2.3.2.1 Ordem e simetria
2.3.2.2 As categorias estéticas
2.4 Uma conclusão preliminar

3. A SEMIOSFERA
3.1 Semiogênese e estética funcional
3.1.1 A expansão dos signos através da tecnologia
3.1.2 As ferramentas
3.1.3 A função prática e a função estética
3.2 Da semiogênese à glotogênese: mimese e linguagem
3.3 Da iconogêne à midiogênese
3.3.1 O que é arte, afinal?
3.3.2 Arte no paleolítico: emergência da iconogênese
3.3.3 A grafogênese e o surgimento da literatura
3.3.4 A midiogênese e as novas artes
3.4 A arte como representação
3.4.1 Walter A. Koch: uma teoria trimodal
3.4.1.1 Estética
3.4.1.2 Metafísica
3.4.1.3 Estilo
3.5 Os precursores biogenéticos da arte
3.5.1 Precursores da estética, da metafísica e do estilo
3.5.2 Morfologia e desvio
3.5.3 Quatro sistemas semióticos pré-artísticos
3.6 A evolução dos signos: um estudo da Última Ceia
3.6.1 Liberdade, diversidade e complexidade
3.6.2 Do intertexto à intermídia
3.6.3 Leonardo da Vinci: intermidialidade entre a Bíblia e a arte
3.6.4 Andy Warhol: uma Santa Ceia pós-moderna

CONCLUSÃO
Bibliografia
Registro de imagens

ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA - III orelhas

LIVRO: ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA (2008)
DE: Edgar Roberto Kirchof
ED: EdiPUCRS (Brasil, Porto Alegre: 2008, 304 págs.)
Capa: Marcos Saporiti e Vinícius Xavier
Revisão: Patrícia Aragão e Susana Dantas Guindani
Editoração: Adriana Condessa Ferreira e Luciana Haesbaert Balbueno
Palavras-chave: estética, filosofia, semiótica, biologia

ORELHAS, por Lúcia Santaella [1]
"Os temas deste livro - os fundamentos biológicos da Estética e as formas ancestrais da arte na natureza - podem parecer contraditórios, uma vez que muitas pessoas ainda consideram válido o dogma segundo o qual arte e cultura são manifestações exclusivas do agir humano. No entanto, o pesquisador - que, juntamente com Peirce e com os fundamentos da já clássica Teoria Evolutiva do Conhecimento, parte dos princípios do sinequismo e da continuidade incondicional da cosmogênese no universo e da filogênese humana - não pode mais desconsiderar os signos que apontam claramente para o fato de que o antropocentrismo cartesiano, inerente às Ciências Humanas tradicionais, é, hoje, um paradigma superado, inclusive no âmbito da Estética.
Edgar Roberto Kirchof expõe, em uma síntese procedente, o novo paradigma da Semiótica Evolutiva da Cultura, focalizando a vertente vanguardista da Bioestética. A partir de um panorama enciclopédico, suscinto embora sempre compreensível, o leitor é introduzido em uma área extremamente atual e, ao mesmo tempo, instigante da pesquisa transdisciplinar em nível internacional, cujos avanços, até o momento, ainda não encontraram grande ressonância em solo brasileiro.
A Bioestética, enquanto um ramo da Biossemiótica (a ciência dos processos semióticos na natureza), não pretende apenas estudar as formas ancestrais da arte já existentes na natureza. Entre seus objetivos, também consta a investigação das raízes da arte na filogênese humana e na natureza sem jamais promover um reducionismo que supostamente explicaria todos os fenômenos culturais a partir de sua origem natural. Na medida em que lida com esses temas, colocando-os à prova a partir de análises ao mesmo tempo detalhadas e convincentes, este livro é capaz de conciliar o abismo que muitos acreditam existir entre "dois mundos": de um lado, o mundo de uma ciência natural como a Biologia; de outro, o universo das Ciências Humanas. A qualidade perspicaz e excitante do texto reside no fato de que as raízes filogenéticas da arte não são buscadas nas chamadas "culturas primitivas", como, por exemplo, nas culturas provenientes da África ou do Amazonas, e sim na arte de Leonardo da Vinci e até - ouça o leitor e se surpreenda! - na de Andy Warhol."

[1] Professora Titular da Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC/SP.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

MINDLIN - BIBLIÓFILO E EXEMPLO DE AMOR AOS LIVROS

28.02.2010 - Morte e continuidade de um dos maiores bibliófilos brasileiros. José Mindlin continua na continuação da sua paixão pela democratização do acesso ao livro no Brasil, e em cada um dos 45.000 volumes que doou para a (sua) Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na USP. Ele que sempre defendeu a abertura de mais bibliotecas públicas em nosso País, espaços que, como a internet, deveriam ampliar o acesso aos livros funcionando também à noite, aos Sábados, Domingos e feriados. Neste BLOG fica um abraço virtual de terno agradecimento e profundo respeito.

* IMAGEM encontrada em...
Weblog Peregrinacultural's

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

CHK Gregory Bateson - I front and back cover

BOOK: CYBERNETICS & HUMAN KNOWING - A Journal of Second-Order Cybernetics, Autopoiesis & Cyber-Semiotics
Vol. 12, No. 1-2, 2005
GREGORY BATESON [1904-1980], Essays for an Ecology of Ideas

FRONT and BACK COVER (capa e contracapa)

"Gregory Bateson's work, intensely interdisciplinary, even transdisciplinary, in character, continues to touch others in fields as diverse as communication and ecology, anthropology and philosophy, family therapy and education, and mental and spiritual health. Bateson's cybernetic epistemology forges a path of connection.
The authors in this volume celebrate the
Bateson Centennial, with contributions rooted in Bateson's ideas and ideals. Although their homes lie in different intellectual realms, their work embodies Bateson's interdisciplinary character.
These essays offer both personal stories of
Bateson's influence, while at the same time demonstrating opportunities for its extension, and can be read as a gift to a creative spirit on his 100th birthday."

CHK Gregory Bateson - II contents

BOOK: CYBERNETICS & HUMAN KNOWING - A Journal of Second-Order Cybernetics, Autopoiesis & Cyber-Semiotics
Vol. 12, No. 1-2, 2005
GREGORY BATESON [1904-1980], Essays for an Ecology of Ideas

CONTENTS (sumário)








Frederick Steier and Jane Jorgenson
(Both from the Department of Communication, University of South Florida)
Foreword: Patterns That Connect Patterns That Connect

Mary Catherine Bateson
(President, Institute for Intercultural Studies, New York; and Professor Emerita George Mason University, Fairfax, Virginia)
The Double Bind: Pathology and Creativity

Will McWhinney
(Institute for the Study of Transformative Education)
The White Horse: A Reformulation of Bateson's Typology of Learning
Appreciation of Difference
*** Figure 1: A Basic Cybernet for LI
A NEURO-PHYSIOLOGICAL MODEL
Orders of Learning and Change
Zero Order
First Order (LI)
Second Order (LII)

***
Figure 2: A Second Order Cybernet

Third Order (LIII)
Summary
References


Frederick Steier
(Department of Communication, University of South Florida)
Exercising Frame Flexibility
Gregory Bateson reads Calvin and Hobbes
Designs for learning and play at a science center
Emergent themes
The message: This is character building , The message: This is learning, (and frames for frames).
Flexibility
Frame Flexibility
Exercising frame flexibility
References


Thomas Hylland Eriksen
(University of Oslo/Vrije Universiteit Amsterdam)
Mind and Gap: Flexibility, Epistemology and the Rhetoric of New Work
Flexibility and rigidity
Some implications
Flexibility and new work
Acknowledgments
References


Peter Harries-Jones
(Department of Anthropology, York University, Ontario, Canada)
Understanding Ecological Aesthetics: The Challenge Of Bateson
1. Introduction: Aesthetics and Ecology
2.
Bateson's Move into Ecology
3. Why Aesthetics?:
Bateson and Blake
4. J. M. Coetzee and the "True Challenge"
5. Suzi Gablik and the Re-enchantment Thesis
6. Abrupt Change and Free-fall
7. The
Bateson Challenge in Angels Fear
References


Bradford Keeney
(Distinghished Scholar of Cultural Studies, Ringing Rocks Foundation)
Circular Epistemology and the Bushman Shamans:
A Kalahari Challenge to the Hegemony of Narrative
References

Douglas Flemons
(Professor of Family Therapy; Director, Brief Therapy Institute; Director, NSU Sudent Counseling, Nova South-eastern University)
May the Pattern be With You
Connection/Separation
Relational Freedom
Concordance
Sentence as Story
Batesonian Invention
Acknowledgements
References


Thomas E. Malloy / Carmen Bostic St. Clair, and John Grinder
(Department of Psychology, University of Utah / Quantum Leap)
Steps to an Ecology of Emergence
Model-based Intuitions about Emergence
Boolean Dynamic Systems

***Figure 1: Camouflage-like striped patterns. The first four columns (a to d) are four basins from the same dynamic system. The fifth column (e) is a basin from a different dynamic system.
Critiques of Emergence
Intuition as a Legitimate Methodology
The Embodiment of Mind
That a Human May Know It

***Figure 2: Four basins from a pseudo-randomly generated dynamic system. Panels (a) and (b) are perceived as similar as are panels (c) and (d).
Dynamic Constancies for Differences in Differences over Time
Emergent Hierarchies in Model and Perception

***Figure 3: Dynamic Constancy. Six visual forms placed into three categories based ou identical first derivatives. The three categories are themselves placed into two meta-categories based on identical second derivatives.
The Human Reference Point
What is Human Knowledge that a Human May Know Dynamic Systems?
Critical Concerns Revisited
Emergence as Metaphor
Steps to an Ecology of Emergence
References
Appendix


Kenneth N. Cissna / and Rob Anderson
(Department of Communication, University of South Florida, Tampa, Florida / Department of Communication, Saint Louis University, St. Louis, Missouri)
A Failed Dialogue? The 1975 Meeting of Gregory Bateson and Carl Rogers
Background to the Dialogue
The "Bloody Hot" Evening and its Conversation
A Structure for Extending and Distinguishing Ideas in Public Dialogue
Distinction and Extension in the
Bateson-Rogers Dialogue
Reclaiming the Reputation of the
Bateson-Rogers Dialogue
Reference


Wendy Leeds-Hurwitz
(Communication Department, University of Wisconsin-Parkside, Kenosha, Wisconsin)
The Natural History Approach: A Bateson Legacy
Development of the Natural History Approach
Spread of the Natural History Approach
Application of the Natural History Approach
Conclusion
References


Alfonso Montouri
(California Institute of Integral Studies, San Francisco, California)
Gregory Bateson and the Promise of Transdisciplinarity
Introduction
Homeless: Some Personal Context
Towards Transdisciplinary Inquiry
Cornerstones of Transdisciplinarity
The Journey Home
References


Column: Louis H. Kauffman
(Math Department, University of Illinois-Chicago, Chicago, Illinois)
Virtual Logic - The One and the Many
I. Introduction
II. On Sets
III. The Strange Case of the Singleton Set
IV. David Lewis on Singletons
V. Notes on Physical Reality
VI. Epilogue
References


ASC Pages: Peter Harries-Jones
(Department of Anthropology, York University, Ontario, Canadá)
Gregory Bateson, Heterarchies, and the Topology of Recursion
The ASC Meeting, Toronto
Recursion: Digital, Analogue or Both?
Finding a Suitable Topology for Heterarchy
References


Book Reviews: Ranulph Glanville
(CybernEthics Research, Southsea, United Kingdom)
International Encyclopaedia of Systems and Cybernetics, second edition
Improvement?
Buying?
References

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

EMERGÊNCIA, A DINÂMICA EM REDE - II orelhas

LIVRO: EMERGÊNCIA - A DINÂMICA DE REDE EM FORMIGAS, CÉREBROS, CIDADES E SOFTWARES (2001)
DE: Steven Johnson
ED: Jorge Zahar Editor (Brasil, RJ: 2003, 234 págs.)
Título original: Emergence (The Connected Lives of Ants, Brains, Cities and Software)
Tradução do inglês: Maria Carmelita Pádua Dias
Revisão técnica: Paulo Vaz, ECO/UFRJ
Palavras-chave: 1. Sistemas auto-[re]organizáveis. 2. Engenharia de sistemas.

ORELHAS
"O que pode haver em comum entre [nesta ordem] um formigueiro, o cérebro humano, as cidades e os modernos softwares? Todos estes são exemplos surpreendentes de que o todo pode ser maior do que a somas das partes [holismo]. Formam os sistemas auto-[re]organizados, nos quais se dispensa a presença de um controle centralizado para haver ação. Além disso, são emergentes (bottom-up), isto é, surgem de um nível de elementos relativamente simples em direção a formas de comportamentos mais sofisticados. É exatamente essa analogia que autoriza Steven Johnson a aproximar fenômenos tão díspares em aparência [apenas em aparência...].
Emergência traça uma bela história dos sistemas emergentes, analisando pioneiros e pensadores que contribuiram para a construção dessa teoria, seja no terreno na biologia, da biofísica, do urbanismo ou do design de softwares. Além disso, esboça a gênese do comportamento emergente, que compreende desde crianças habilitadas para o controle dos novos softwares até grupos de protesto que dispensam lideranças, a exemplo dos movimentos antiglobalização.
Apoiado na analogia entre mundo biológico e cultural, o autor faz um excelente trabalho, ao colocar a web em contexto histórico e biológico e antecipa o que seria uma revolução interativa, na qual o controle da tecnologia mudaria das mãos dos engenheiros de softwares para os usuários de sistemas.
Nas duas primeiras partes de Emergência são apresentados exemplos históricos de interconectividade inteligente - do mercado de seda da Florença medieval ao nascimento da indústria de software. Na terceira analisa-se o impacto de sites - como Napster e eBay - e jogos de computador - como [The Sims e] SimCity -, prevendo a criação de uma nova mídia na qual células auto-[re]organizadas com interesses comuns [a semelhança reconecta] estruturarão a indústria do entretenimento.
O livro mostra ainda como, nos anos vindouros, o poder da auto-[re]organização, junto com a tecnologia da conectividade da Internet, irá promover uma revolução tão significativa quanto o advento da eletricidade. Os leitores não familiarizados com a ciência da complexidade vão encontrar nesse livro um excelente ponto de partida. Os mais experimentados poderão admirar as novas idéias e a visão mais abrangente que Johnson aqui nos proporciona.
Provocante e atraente, Emergência nos coloca na linha de frente dessas estimulantes discussões."

EMERGÊNCIA, A DINÂMICA EM REDE - III sumário

LIVRO: EMERGÊNCIA - A DINÂMICA DE REDE EM FORMIGAS, CÉREBROS, CIDADES E SOFTWARES (2001)
DE: Steven Johnson
ED: Jorge Zahar Editor (Brasil, RJ: 2003, 234 págs.)
Título original: Emergence (The Connected Lives of Ants, Brains, Cities and Software)
Tradução do inglês: Maria Carmelita Pádua Dias
Revisão técnica: Paulo Vaz, ECO/UFRJ
Palavras-chave: 1. Sistemas auto-[re]organizáveis. 2. Engenharia de sistemas.

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO: Todos por um

PARTE UM
1. O mito da formiga-rainha

PARTE DOIS
2. Nível da rua
3. Padrões equivalentes
4. Ouvindo o feedback
5. Artistas do controle

PARTE TRÊS
6. Os leitores da mente
7. Veja o que acontece

Notas
Bibliografia
Agradecimentos
Índice remissivo

EMERGÊNCIA, A DINÂMICA EM REDE - IV Steven Johnson

LIVRO: EMERGÊNCIA - A DINÂMICA DE REDE EM FORMIGAS, CÉREBROS, CIDADES E SOFTWARES (2001)
DE: Steven Johnson
ED: Jorge Zahar Editor (Brasil, RJ: 2003, 234 págs.)
Título original: Emergence (The Connected Lives of Ants, Brains, Cities and Software)
Tradução do inglês: Maria Carmelita Pádua Dias
Revisão técnica: Paulo Vaz, ECO/UFRJ
Palavras-chave: 1. Sistemas auto-[re]organizáveis. 2. Engenharia de sistemas.

AUTOR: STEVEN JOHNSON
"STEVEN JOHNSON já foi citado como um dos mais influentes pensadores do ciberespaço pelos periódicos Newsweek, New York Magazine e Websight. É editor-chefe e co-fundador da Feed, premiada revista cultural on-line. Johnson graduou-se em Semiótica pela Brown University e em Literatura Inglesa pela Columbia University. É autor de Cultura de Interface, publicado com sucesso no Brasil por esta editora."

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O FIM DAS CERTEZAS - I capa e contracapa

LIVRO: O FIM DAS CERTEZAS - TEMPO, CAOS E AS LEIS DA NATUREZA (1996)
DE: Ilya Prigogine
ED: Editora da Universidade Estadual Paulista - UNESP (Brasil, São Paulo: 1996, 199 págs.)
Título original: La fin des certitudes - Temps, chaos et le lois de la Nature
Tradução do francês: Roberto Leal Ferreira
Produção Gráfica: Edson Francisco dos Santos (assistente)
Edição de Texto: Fábio Gonçalves (assist. editorial), Adma F. Muhuna (preparação de original) e Ingrid Basílio (revisão)
Editoração Eletrônica: Lourdes Guacira da Silva Simonelli (supervisão), José Vicente Pimenta (edição de imagens) e Duclera G. Pires de Almeida (diagramação)
Projeto Visual: Lourdes Guacira da Silva Simonelli
Palavras-chave: Caos quântico; Ciência, História, Filosofia; Determinismo; Filosofia da Natureza; Processos irreversíveis; Tempo; Filosofia da ciência

CONTRACAPA
"As questões estudadas neste livro - O universo é regido por leis deterministas? Qual é o papel do nosso tempo? - foram formuladas pelos pré-socráticos na aurora do pensamento ocidental. Elas nos acompanham já há dois mil anos. Hoje, os desenvolvimentos da Física e das Matemáticas do caos e da instabilidade abrem um novo capítulo nessa longa história. Atualmente percebemos esses problemas sob um novo ângulo. Podemos a partir de agora evitar as contradições do passado."

O FIM DAS CERTEZAS - II orelhas

LIVRO: O FIM DAS CERTEZAS - TEMPO, CAOS E AS LEIS DA NATUREZA (1996)
DE: Ilya Prigogine
ED: Editora da Universidade Estadual Paulista - UNESP (Brasil, São Paulo: 1996, 199 págs.)
Título original: La fin des certitudes - Temps, chaos et le lois de la Nature
Tradução do francês: Roberto Leal Ferreira
Produção Gráfica: Edson Francisco dos Santos (assistente)
Edição de Texto: Fábio Gonçalves (assist. editorial), Adma F. Muhuna (preparação de original) e Ingrid Basílio (revisão)
Editoração Eletrônica: Lourdes Guacira da Silva Simonelli (supervisão), José Vicente Pimenta (edição de imagens) e Duclera G. Pires de Almeida (diagramação)
Projeto Visual: Lourdes Guacira da Silva Simonelli
Palavras-chave: Caos quântico; Ciência, História, Filosofia; Determinismo; Filosofia da Natureza; Processos irreversíveis; Tempo; Filosofia da ciência

ORELHAS
"Neste fim de século, a questão do futuro da ciência é com frequência proposta. Creio que estamos apenas no início desta aventura. Assistimos à emergência de uma ciência que não está mais limitada a situações simplificadoras, idealizadas, mas que nos coloca diante da complexidade do mundo real, de uma ciência que permite à criatividade humana viver como expressão singular [este blog: porque além de ser denotativa, também é conotativa] de um traço fundamental de todos os níveis da Natureza. Tentei apresentar essa transformação conceitual, que implica a abertura de um novo capítulo da fecunda história entre a Física e as Matemáticas, sob uma forma legível e acessível a todos os leitores interessados na evolução das nossas ideias sobre a Natureza. Estamos apenas no início desse novo capítulo da história do nosso diálogo com a Natureza."

O FIM DAS CERTEZAS - III sinopse

LIVRO: O FIM DAS CERTEZAS - TEMPO, CAOS E AS LEIS DA NATUREZA (1996)
DE: Ilya Prigogine
ED: Editora da Universidade Estadual Paulista - UNESP (Brasil, São Paulo: 1996, 199 págs.)
Título original: La fin des certitudes - Temps, chaos et le lois de la Nature
Tradução do francês: Roberto Leal Ferreira
Produção Gráfica: Edson Francisco dos Santos (assistente)
Edição de Texto: Fábio Gonçalves (assist. editorial), Adma F. Muhuna (preparação de original) e Ingrid Basílio (revisão)
Editoração Eletrônica: Lourdes Guacira da Silva Simonelli (supervisão), José Vicente Pimenta (edição de imagens) e Duclera G. Pires de Almeida (diagramação)
Projeto Visual: Lourdes Guacira da Silva Simonelli
Palavras-chave: Caos quântico; Ciência, História, Filosofia; Determinismo; Filosofia da Natureza; Processos irreversíveis; Tempo; Filosofia da ciência

SINOPSE
"Prêmio Nobel de Química, Ilya Prigogine trata das mudanças do conceito de tempo no âmbito da ciência contemporânea. Com base em considerações sobre o nascimento do tempo e sobre a matéria-energia que dele decorre, Prigogine alude a uma ciência dos processos irreversíveis, que está apenas começando, ciência capaz de pensar fenômenos como a idade do Universo e mesmo a 'morte térmica', que seria o elemento indutor da origem do mundo."

O FIM DAS CERTEZAS - IV sumário

LIVRO: O FIM DAS CERTEZAS - TEMPO, CAOS E AS LEIS DA NATUREZA (1996)
DE: Ilya Prigogine
ED: Editora da Universidade Estadual Paulista - UNESP (Brasil, São Paulo: 1996, 199 págs.)
Título original: La fin des certitudes - Temps, chaos et le lois de la Nature
Tradução do francês: Roberto Leal Ferreira
Produção Gráfica: Edson Francisco dos Santos (assistente)
Edição de Texto: Fábio Gonçalves (assist. editorial), Adma F. Muhuna (preparação de original) e Ingrid Basílio (revisão)
Editoração Eletrônica: Lourdes Guacira da Silva Simonelli (supervisão), José Vicente Pimenta (edição de imagens) e Duclera G. Pires de Almeida (diagramação)
Projeto Visual: Lourdes Guacira da Silva Simonelli
Palavras-chave: Caos quântico; Ciência, História, Filosofia; Determinismo; Filosofia da Natureza; Processos irreversíveis; Tempo; Filosofia da ciência

SUMÁRIO
Prólogo: Uma nova racionalidade
CAPÍTULO 1 O dilema de Epicuro
Figura 1.1 - Por causa da diferença de temperatura entre os dois recintos [de uma caixa], as moléculas "negras" têm uma concentração mais elevada no [recinto] da esquerda (difusão térmica).
Figura 1.2 - (a) Equilíbrio estável [curva pêndulo-ascendente]; (b) Equilíbrio instável [curva pêndulo-descendente].
Figura 1.3 - O estado dinâmico é representado por um ponto do espaço das fases q, p. A evolução no tempo é representada por uma trajetória que parte do ponto inicial q0, p0.
Figura 1.4 - Conjunto de Gibbs, representado por uma nuvem de pontos que correspondem a condições iniciais diferentes.
Figura 1.5 - Sistema dinâmico estável: os movimentos indicados por + e por - pertencem a regiões distintas do espaço das fases.
Figura 1.6 - Sistema dinâmico instável: cada movimento + está rodeado de movimentos - e reciprocamente.
Figura 1.7 - Movimento difusivo: depois de um tempo t o sistema pode ser achado em qualquer ponto P1, P2, P3 do domínio D.
Figura 1.8 - Movimento browniano numa rede de uma dimensão: a cada transição, as probabilidades repectivas de ir para a esquerda ou para a direita são iguais a 1/2.

CAPÍTULO 2 Apenas uma ilusão?
Figura 2.1 - A energia livre como função de um parâmetro λ que pode ser a concentração de um reativo do sistema. O mínimo da energia livre define o estado de equilíbrio.
Figura 2.2 - A produção de entropia por unidade de tempo P = diS/dt como função de um parâmetro λ que pode ser a concentração de um reativo do sistema. O mínimo de P define o estado estacionário.
Figura 2.3 - No ponto de bifurcação definido por um valor determinado de {A/F}, a ramificação termodinâmica (th), caracterizada a partir da concentração do produto intermediário X que lhe corresponde, torna-se instável, enquanto uma nova solução (ramificação d) se torna estável.
Figura 2.4 - Bifurcação em forquilha: a concentração do produto intermediário X é representada em função do parâmetro λ, que mede a distância do equilíbrio. No ponto de bifurcação λc, a ramificação termodinâmica torna-se instável e surge um par de novas soluções.
Figura 2.5 - Bifurcações sucessivas num sistema de não-equilíbrio.
CAPÍTULO 3 Das probabilidades à irreversibilidade
Figura 3.1 - O modelo das urnas de Ehrenfest: N bolas são distribuídas entre as duas urnas A e B. No instante n, existem k bolas em A e n-k bolas em B. No instante seguinte, uma bola tomada ao acaso passa da urna onde estava para a outra.
Figura 3.2 - A colisão entre duas partículas cria entre elas uma correlação (representada por uma linha ondulada).
Figura 3.3 - Fluxo de correlações: as colisões sucessivas criam correlações binárias, ternárias...
Figura 3.4 - (a) As partículas (pontos negros) interagem com um obstáculo (círculo). Após a colisão, as velocidades diferem (sua distribuição tornou-se mais simétrica) e as partículas são correlatas com o obstáculo. (b) Processo produzido por inversão das velocidades em relação ao caso (a): após a colisão com o obstáculo, as correlações são destruídas e todas as partículas ganham a mesma velocidade (distribuição menos simétrica).
Figura 3.5 - Aplicação periódica. Cada ponto das linhas contínuas representa um par (
xt, xt+1) definido pela aplicação. A aplicação transforma o ponto P0 em ponto P1.
Figura 3.6 - Aplicação de Bernoulli. A aplicação transforma o ponto P
0 em ponto P1.
Figura 3.7 - Duas simulações numéricas de trajetória gerada pela aplicação de Bernoulli. As condições iniciais de (a) e de (b) são ligeiramente diferentes e as trajetórias correspondentes divergem ao longo do tempo.
Figura 3.8 - Simulação numérica da evolução da distribuição de probabilidade para a aplicação de Bernoulli. Em contraste com a descrição em termos de trajetória, a distribuição de probabilidade converge rapidamente para seu valor de equilíbrio.
CAPÍTULO 4 As leis do caos
Figura 4.1 - A transformação do padeiro.
Figura 4.2 - Simulação numérica da transformação do padeiro para tempos (número de transformações) crescentes.
Figura 4.3 - Partindo do que é chamado de "partição geradora", uma sucessão de transformações do padeiro gera faixas horizontais cada vez mais estreitas e numerosas. Partindo da mesma partição, uma sucessão de transformações inversas geraria faixas verticais.
CAPÍTULO 5 Para além das leis de Newton
Figura 5.1 - As três etapas da difusão (scattering): (a) o feixe aproxima-se do alvo; (b) o feixe interage com o alvo; (c) o feixe afasta-se de novo em movimento livre.
Figura 5.2 - As trajetórias consideradas como o resultado de uma interferência construtiva de ondas planas. A superposição das diferentes ondas planas leva a uma função caracterizada por um máximo agudo em
q = 0.
Figura 5.3 - Diagrama de propagação: representação de um evento dinâmico correspondente à interação de duas partículas, que transforma os valores kj, kn de seus vetores de onda em k'j, k'n.
Figura 5.4 - Fragmento de criação: um evento dinâmico transforma o vazio de correlação numa correlação binária l, -l.
Figura 5.5 - Fragmento de destruição: um evento dinâmico tranforma a correlação binária
l, -l em vazio de correlação.
Figura 5.6 - Exemplo de história de correlações. Quatro eventos O1, O2, O3, O4 transformam o vazio de correlação numa correlação de cinco partículas.
Figura 5.7 - Bolha devida às ressonâncias de Poincaré. As ressonâncias acoplam os fragmentos de criação e de destruição.
Figura 5.8 - Decréscimo monótono no tempo da função H. A escala é escolhida de maneira que no equilibrio H = 0 e, portanto, em (a) o sistema parte de um estado mteais [?] próximo do equilíbrio que em (b), pois H1 é menor que H2.

CAPÍTULO 6 Uma Nova Formulação da Teoria Quântica
Figura 6.1 - Desexcitação de um átomo excitado: o átomo cai do estado excitado para o estado fundamental, com emissão de um fóton.
CAPÍTULO 7 Nosso diálogo com a Natureza
Figura 7.1 - Efeito de um campo gravitacional sobre o fluxo do tempo.
CAPÍTULO 8 O tempo precede a existência?
Figura 8.1 - Distinção entre o passado e o futuro na relatividade restrita.
Figura 8.2 - Os eventos em C e em D alcançam O em instantes posteriores t1 e t2.
Figura 8.3 - O paradoxo dos gêmeos. O observador O' está em movimento em relação ao observador O.
Figura 8.4 - A matéria criada à custa do campo gravitacional (grau de liberdade conforme). Não há estado fundamental estável.

CAPÍTULO 9 Um caminho estreito