sexta-feira, 19 de março de 2010

ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA - III orelhas

LIVRO: ESTÉTICA E BIOSSEMIÓTICA (2008)
DE: Edgar Roberto Kirchof
ED: EdiPUCRS (Brasil, Porto Alegre: 2008, 304 págs.)
Capa: Marcos Saporiti e Vinícius Xavier
Revisão: Patrícia Aragão e Susana Dantas Guindani
Editoração: Adriana Condessa Ferreira e Luciana Haesbaert Balbueno
Palavras-chave: estética, filosofia, semiótica, biologia

ORELHAS, por Lúcia Santaella [1]
"Os temas deste livro - os fundamentos biológicos da Estética e as formas ancestrais da arte na natureza - podem parecer contraditórios, uma vez que muitas pessoas ainda consideram válido o dogma segundo o qual arte e cultura são manifestações exclusivas do agir humano. No entanto, o pesquisador - que, juntamente com Peirce e com os fundamentos da já clássica Teoria Evolutiva do Conhecimento, parte dos princípios do sinequismo e da continuidade incondicional da cosmogênese no universo e da filogênese humana - não pode mais desconsiderar os signos que apontam claramente para o fato de que o antropocentrismo cartesiano, inerente às Ciências Humanas tradicionais, é, hoje, um paradigma superado, inclusive no âmbito da Estética.
Edgar Roberto Kirchof expõe, em uma síntese procedente, o novo paradigma da Semiótica Evolutiva da Cultura, focalizando a vertente vanguardista da Bioestética. A partir de um panorama enciclopédico, suscinto embora sempre compreensível, o leitor é introduzido em uma área extremamente atual e, ao mesmo tempo, instigante da pesquisa transdisciplinar em nível internacional, cujos avanços, até o momento, ainda não encontraram grande ressonância em solo brasileiro.
A Bioestética, enquanto um ramo da Biossemiótica (a ciência dos processos semióticos na natureza), não pretende apenas estudar as formas ancestrais da arte já existentes na natureza. Entre seus objetivos, também consta a investigação das raízes da arte na filogênese humana e na natureza sem jamais promover um reducionismo que supostamente explicaria todos os fenômenos culturais a partir de sua origem natural. Na medida em que lida com esses temas, colocando-os à prova a partir de análises ao mesmo tempo detalhadas e convincentes, este livro é capaz de conciliar o abismo que muitos acreditam existir entre "dois mundos": de um lado, o mundo de uma ciência natural como a Biologia; de outro, o universo das Ciências Humanas. A qualidade perspicaz e excitante do texto reside no fato de que as raízes filogenéticas da arte não são buscadas nas chamadas "culturas primitivas", como, por exemplo, nas culturas provenientes da África ou do Amazonas, e sim na arte de Leonardo da Vinci e até - ouça o leitor e se surpreenda! - na de Andy Warhol."

[1] Professora Titular da Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC/SP.

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