sábado, 14 de março de 2009

TEORIA DA INFORMAÇÃO E PERCEPÇÃO ESTÉTICA - II Abraham Moles

Livro: TEORIA DA INFORMAÇÃO E PERCEPÇÃO ESTÉTICA (1973)
Autor: Abraham Moles
Editora: Tempo Brasileiro/UNB (Brasil, Rio de Janeiro/Brasília: 1978, 312 págs., 2a. edição)
Título original: Théorie de L'Information et Perception Esthétique
Tradução do francês: Helena Parente Cunha

AUTOR: ABRAHAM MOLES
Possuidor de formação científica, pois defendeu o doutorado em Ciências sobre a Estrutura do Sinal Musical e da Cibernética, ao mesmo tempo que uma formação literária e artística, que o conduziu ao doutorado em Filosofia e Psicologia, na Sorbonne, Abraham Moles é o criador da teoria informacional da percepção e o papa teórico da música concreta, desde o seu surgimento. O objetivo de suas preocupações é a aplicação da cibernética nas Ciências Humanas e, particularmente, na criação científica ou artística. Ministrou cursos sobre o assunto na Universidade de Columbia, NY, em Hamburgo e em Stuttgart. No ano de publicação deste livro no Brasil, Moles era professor e diretor do Instituto de Psicologia Social, da Faculdade de Letras de Estrasburgo e da Escola de Organização Científica do Trabalho, além de encarregado das pesquisas do Centro de Estudos de Rádio-Televisão e da Enciclopédia da Era Atômica, em preparação. O presente livro, o primeiro de sua autoria traduzido no Brasil, forma ao lado de outros - A Criação Científica, A Física do Ruído, Sócio-Dinâmica da Cultura e Comunicações e Linguagens - uma espécie de suma das relações entre cultura e comunicação fulcradas no eixo da teoria da informação.
Moles, autor de mais de 200 trabalhos publicados em revistas de todo o mundo, é muito mais do que um simples sociólogo dos entrepostos culturais do nosso tempo. Suas pesquisas são rigorosamente científicas para figurar nas estantes da moda, mas ninguém preocupado em conhecer in vitro as condições em que algo se comunica com outro algo poderá se furtar a uma leitura de suas obras. Para o autor, a teoria da informação é, essencialmente, uma teoria estruturalista, pois pretende decompor o retrato do universo em mosaicos de conhecimento e ser capaz de deles extrair um repertório, explorando certas regras de assemblage ou de interdição cujo conjunto constitui, precisamente, a estrutura. Uma teoria informacional da percepção será, portanto, a síntese de uma atitude estruturalista e de uma atitude dialética, e é por isso que sua contribuição aos filósofos e aos sociólogos torna-se inestimável.
Moles reconhece que a teoria da comunicação, por ele proposta, apresenta mais problemas do que soluções, afirmando-se, contudo, como uma tentativa de síntese, como um programa, e é desse valor heurístico que, do ponto de vista filosófico, seu livro se impõe como obra fundamental. Ainda que seus pontos básicos (materialidade da comunicação, valor de originalidade, oposição entre inteligível e original) possam ser criticados, A Teoria da Informação e Percepção Estética fornece um campo limitado à pesquisa como as grandes teorias que a precederam. De qualquer forma, após a sua leitura, será mais fácil compreender alguns dos fenômenos culturais da atualidade: da música concreta aos filmes de Jean-Luc Godard.
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