terça-feira, 27 de abril de 2010

ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS - III sumário

LIVRO: ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS (2009)
DE: Jairo Marçal (org.)
ED: SEED/PR - Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Brasil, Curitiba: 2009, 736 págs.)

SUMÁRIO

Apresentação I, por Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde
Apresentação II, por Mary Lane Hutner
Apresentação III, por Jairo Marçal (org.), Bernardo Kestring, Eloi Corrêa dos Santos, Juliano Orlandi e Wilson José Vieira
Prefácio, por Marilena Chauí

AGOSTINHO DE HIPONA
Agostinho: a razão em progresso permanente - Cristiane Abbud Ayoub, Moacyr Novaes
Confissões - (excertos) Livro XI

ARISTÓTELES
Aristóteles e a superação do paradigma da Academia - José Veríssimo Teixeira da Mata
Política - excertos (1252a - 1253b; livro III: 1274b30 a 1276a) - sobre o cidadão e a cidadania

AVICENA
Avicena, o grande mestre da filosofia árabe-muçulmana - Jamil I. Iskandar
Epístolas

BERKELEY
George Berkeley e a Terra Incógnita da Filosofia: Percepção, Linguagem, Ilusão - Everaldo Skrock
Ensaio para uma nova teoria da visão
Teoria da visão defendida e explicada

BORNHEIM
Bornheim: Estética e Crítica - Roberto Figurelli
Gênese e metamorfose da crítica

DESCARTES
Meditando com Descartes: da dúvida ao fundamento - César Augusto Battisti
Meditações - excertos das Meditações 1a, 2a, 3a, 4a, 5a e 6a

ESPINOSA
Espinosa: Considerações sobre o Tratado Breve - Paulo Vieira Neto
Tratado breve (2a parte)

FOUCAULT
Foucault: Um pensador da nossa época, para a nossa época - Inês Lacerda Araújo
Poder e saber (entrevista a S. Hasumi)
O poder, um magnífico animal (entrevista a M. Osório)

GRAMSCI
Antonio Gramsci - Filosofia, História e Política - Anita Helena Schlesener
A indiferença
A história
Cadáveres e idiotas
Rabiscos
O progresso no índice de ruas da cidade
Filantropia, boa vontade e organização
A sua herança
Os jornais e os operários
A luz que se apagou
Crônicas de L'Ordine Nuovo - IX
Crônicas de L'Ordine Nuovo - XXX

HEGEL
Hegel e o caráter ético-político da ideia de liberdade - Cesar Augusto Ramos
Excertos e parágrafos traduzidos

HOBBES
Hobbes e o Estado - Maria Isabel Limongi
Leviatã cap. XIII e XVII

HUME
Relação causal e a vontade como um evento natural em Hume - Maria Isabel Limongi
Uma investigação sobre o entendimento humano (seção 8)

KANT
Kant e a liberdade de pensar publicamente - Vinicius de Figueiredo
Resposta à questão - o que é esclarecimento?

MAQUIAVEL
Liberdade e república no pensamento de Maquiavel - Carlo Gabriel Kszan Pancera
Discursos sobre a 1a década de Tito Lívio
O príncipe

MARX
Marx e a filosofia como emancipação - Jairo Marçal
Sobre a crítica da filosofia do direito de Hegel - Introdução

MERLEAU-PONTY
Merleau-Ponty: Entre o corpo e a alma - Luiz Damon Moutinho
Conversas 1a, 2a e 5a

NIETZSCHE
Entre a verdade e o impulso à verdade: apresentação ao ensaio de Nietzsche "Sobre verdade e mentira o sentido extra-moral" - Antonio Edmilson Pachoal
"Sobre a verdade e a mentira no sentido extra-moral"

PLATÃO
Platão e os primórdios da estética - Roberto Figurelli
Excerto do diálogo Hípias Maior
Excerto de A República (livro X)

ROUSSEAU
Rousseau contra o seu tempo - Rodrigo Brandão
Discurso sobre as ciências e as artes (excertos - 1a e 2a parte)
Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (excertos - Prefácio; Discurso; 1a parte e 2a parte)
Contrato Social (excertos - Livro I: capítulos 1; 3; 4; 6; 7; 8)

SARTRE
A liberdade é a moral da história: Sartre, vida e obra - Luiz Damon Moutinho
O existencialismo é um humanismo

SCHILLER
O homem estético na visão de Schiller - Roberto Figurelli
Cartas XII; XIV e XV

TOMÁS DE AQUINO
Tomás de Aquino e o pensamento político medieval - Alfredo Storck
A realeza

VOLTAIRE
Voltaire: filosofia, literatura e história - Rodrigo Brandão
Mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos
Providência
O século de Luiz XIV
Ideias republicanas por um membro do corpo

ÍNDICE REMISSIVO

segunda-feira, 26 de abril de 2010

ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS - IV prefácio

LIVRO: ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS (2009)
DE: Jairo Marçal (org.)
ED: SEED/PR - Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Brasil, Curitiba: 2009, 736 págs.)

PREFÁCIO, por Marilena Chauí

I.
"É conhecido o famoso adágio: "a
filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual". Ou seja, a filosofia é perfeitamente inútil. Teria sido este o motivo para sua exclusão no Ensino Médio? Não foi o caso.
A filosofia foi excluída do currículo do Ensino Médio no período da ditadura, portanto, entre 1964 e 1980. De 1964 a 1968, não houve grandes mudanças na grade curricular. As sucessivas reformas da educação se iniciaram a partir de 1969, após a promulgação do Ato Institucional no.5 (em dezembro de 1968), que suspendeu direitos civis e políticos dos cidadãos em nome da segurança nacional. O primeiro momento da reforma do Ensino Médio deu-se sob a vigência do AI-5 e da Lei de Segurança Nacional.
Apesar do adágio sobre sua aparente inutilidade, a filosofia foi excluída da grade curricular por ser considerada perigosa para [a] segurança nacional, ou como se dizia na época, "subversiva". Foi substituída por uma disciplina denominada Educação Moral e Cívica, que supostamente deveria doutrinar os jovens para a afirmação patriótica e a recusa da subversão da ordem vigente. Como se sabe, no início, essa disciplina foi lecionada por militares, o que a tornou suspeita aos olhos dos demais professores e raramente foi levada a sério pelos alunos.
O sucesso da reforma estava noutro lugar.
Com efeito, a reforma deu ênfase aos conhecimentos técnico-científicos e manifestou desinteresse pelas humanidades, consideradas pouco significativas para o chamado "milagre brasileiro". Essa primeira reforma, que seria sucedida por várias outras, instituiu o modelo educacional que vigorou pelos quase 50 anos seguintes: o Ensino Médio passou a ser visto de maneira puramente instrumental (e não mais como um período formador), isto é, como etapa preparatória para a universidade e esta, como garantia de ascensão social para uma classe média que, desprovida de poder econômico e político, dava sustentação ideológica à ditadura e precisava ser recompensada. Para isso, teve início o ensino de massa, sob a alegação de democratizar a escola.
O modelo educacional submeteu o ensino às condições do mercado, isto é, tomou a educação como mercadoria, [1] seja ao estimular a privatização do ensino e minimizar a presença do Estado do campo da educação, tornando precária e insignificante a escola pública e fomentando a exclusão social; [2] seja ao adequar o ensino às exigências do mercado de trabalho, que passou a determinar a própria grade curricular, de tal maneira que cada reforma pode ser perfeitamente compreendida à luz das condições desse mercado em cada momento econômico e social do país; [3] seja, enfim, ao conferir pouca importância à formação dos professores, como atesta a introdução da chamada Licenciatura Curta, e ao não lhes assegurar condições de trabalho dignas.
Evidentemente, houve resistência e luta contra o modelo educacional implantado pelas sucessivas reformas. Desde os meados dos anos 1970, associações docentes e estudantis de todo o país lutaram pela revalorização das humanidades no Ensino Médio e, entre eles, estiveram os grupos que se empenharam pelo retorno do ensino obrigatório da filosofia.
Assim, a volta da filosofia ao Ensino Médio tem, hoje, um significado simbólico de extrema relevância ao assinalar a presença da ideia da educação como formação, isto é, [1] como interesse pelo trabalho do pensamento e da sensibilidade, [2] como desenvolvimento da reflexão para compreender o presente e o passado, e [3] como estímulo à curiosidade e à admiração, que levam à descoberta do novo.
Por isso mesmo, é grande a responsabilidade dos professores universitários de filosofia, pois lhes cabe a tarefa de preparar os docentes do Ensino Médio, por meio de [1] formação filosófica sólida, [2] formação pedagógica segura e [3] recursos bibliográficos amplos e adequados. Além de, juntamente com eles, exigir condições de trabalho dignas (desde o salário, o número de horas de aula, o tamanho das classes até a garantia de que, sejam quais forem as condições sócio-econômicas dos alunos, a escola lhes assegure o acesso aos recursos educativos)."

II.
"Retomemos o adágio que afirma a inutilidade da
filosofia.
Essa imagem encontra-se presente entre os alunos do Ensino Médio, que ainda estão marcados pelo modelo instrumental do ensino e pela figura dos exames vestibulares como fim último da existência escolar. Para muitos deles, a filosofia é um conjunto de termos abstratos, genéricos, na maioria das vezes incompreensíveis, palavrório que, no final das contas, se refere a coisa nenhuma. Curiosamente, porém, eles também costumam considerar a filosofia um conjunto de opiniões e valores pessoais, que orientam a conduta, o julgamento e o pensamento de alguém, variando de indivíduo para indivíduo - cada um tem "a sua filosofia".
Como quebrar essas imagens? Ou melhor, como fazer com que os alunos percebam que essas imagens não são absurdas, mas que seu sentido não é exatamente aquele com que se acostumaram? Como mostrar-lhes que a filosofia é um forma determinada de saber e não um conjunto fragmentado de opiniões, uma coleção de "eu acho que"? Como fazê-los compreender que esse saber é reflexivo e crítico (simultaneamente ruptura com o senso-comum e compreensão do sentido desse senso-comum)? Como levá-los a perceber que a filosofia possui uma história que lhe é imanente, mas que também a transcende, pois ela está na história? Como fazê-los ver que um filósofo interroga as questões de seu tempo para apreender o sentido da experiência vivida por ele e por seus contemporâneos e que, assim procedendo, nos ensina a interrogar nosso próprio presente?
Certamente, procedendo como o patrono da filosofia, Sócrates, convidando-os a interrogar o que são e de onde nascem suas crenças tácitas e suas opiniões explícitas. Essa interrogação, sabemos, levou Sócrates perante a Assembléia de Atenas, que o condenou como perigoso para a juventude. Essa interrogação levou à exclusão da filosofia no Ensino Médio, considerada subversiva pela Lei de Segurança Nacional. O convite a indagar sobre a origem e o sentido de nossas ideias, sentimentos e ações é, sem dúvida, um bom começo para a iniciação à filosofia.
Que caminho melhor para isso do que familiarizar os alunos com aquilo que é o cerne e o coração da filosofia, o discurso filosófico?
Experiência da razão e da linguagem, a filosofia é a peculiar atividade reflexiva em que, na procura do sentido do mundo e dos humanos, [1] o pensamento busca pensar-se a si mesmo, [2] a linguagem busca falar de si mesma e [3] os valores (o bem, o verdadeiro, o belo, o justo) buscam a origem e a finalidade da própria ação valorativa. Essa experiência [da razão e da linguagem], concretizada no e pelo trabalho de cada filosófico, constitui o discurso filosófico.
Por que a filosofia é um discurso dotado de características próprias, a iniciação a ela encontra um caminho seguro no ensino da leitura dessa modalidade de discurso, a fim de que os alunos aprendam a descobrir, no movimento e na ordenação das ideias de um texto, a lógica que sustenta a palavra filosófica para que possam analisá-la e comentá-la, primeiro, e interpretá-la, depois."

III.
"O que é ler?

Começo distraidamente a ler um livro. Contribuo com alguns pensamentos, julgo entender o que está escrito porque conheço a língua e as coisas indicadas pelas palavras, assim como sei identificar as experiências ali relatadas. Escritor e leitor possuem o mesmo repertório disponível de palavras, coisas, fatos, experiências, depositados pela cultura instituída e sedimentados no mundo de ambos.
De repente, porém, algumas palavras me "pegam". Insensivelmente, o escritor as desviou de seu sentido comum e costumeiro e elas me arrastam, como um turbilhão, para um sentido novo, que alcanço apenas graças a elas. O escritor me invade, passo a pensar de dentro dele e não apenas com ele, ele se pensa em mim ao falar em mim com palavras cujo sentido ele fez mudar. O livro que eu parecia dominar soberanamente apossa-se de mim, interpela-me, arrasta-me para o que eu não sabia, para o novo. O escritor não convida quem o lê a reencontrar o que já sabia, mas toca nas significações existentes para torná-las destoantes, estranhas, e para conquistar, por virtude dessa estranheza, uma nova harmonia que se aposse do leitor.
Ler, escreve Merleau-Ponty, é fazer a experiência da "retomada do pensamento de outrem através de sua palavra", é uma reflexão em outrem, que enriquece nossos próprios pensamentos. Por isso, prossegue Merleau-Ponty, "começo a compreender uma filosofia deslizando para dentro dela, na maneira de existir de seu pensamento", isto é, em seu discurso."
*
IMAGEM encontrada em... Ciranda Internacional de Informação Independente.

ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS - V índice remissivo

LIVRO: ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS (2009)
DE: Jairo Marçal (org.)
ED: SEED/PR - Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Brasil, Curitiba: 2009, 736 págs.)

A
absoluto, ação, acidente, acidentes essenciais, admiração, afeto, afetos passionais, afetos racionais, agnosticismo, ágora, Agostinho (de Hipona), aisthésis, Alcorão, Alexandre, Alexandre de Hales, Al-Farabi, alma, ambição, Ambrósio, amor, amor à liberdade, análise dos discursos, análise existencial, ancien régime (antigo regime), angústia, animal político, anormal, aparelho judiciário, aparelho uniformizador, aparência, aparência sensível, apetite, aristocracia, Aristóteles, arqueólogo do saber, arte moderna, arte ou artes, artes práticas, artes superiores e inferiores, assembleia, assembleia (membro da), associação política, astúcia, ateísmo, atividade abstrata do pensamento, ato, ato de conhecimento, ato voluntário, autarquia, autenticidade, autoalienação, autoconsciência, autoconsciência universal, autocracia, autocrático, autoilusão, autolibertação, autonomia, autoposição do sujeito, autoprovimento, autoridade, autoridade legislativa, autorreferencial, autorreferente, autossentimento, avareza, Averróis, Avicena

B
Bachelard (G.), Bacon (F.), base social, Bastilha, Bauer (B.), Baumgarten (A.G.), Beauvoir (S.), Beethoven, belas-artes, beleza, beleza (concepção schilleriana da), bellum omnium contra omnes, belo, bem, bem comum, bem-viver, Berkeley (G.), bíblia, biopoder, Blanchot (M.), bom, bondade, Bornheim (G.), Bossuet (J-B.), bourgeoisie, bourgeois, Brecht (B.), budismo, burguesia, burocracia, burocracia do Estado

C
Camus (A.), Canguilhem (G.), capitalismo, categorias, causa e efeito, causalidade, censura, certeza, ceticismo, ceticismo acadêmico, Cézanne (P.), Chardin, (J-B-S.), Chladni (E.F.), Cícero, cidadania, cidadão(s), cidade-estado, ciência(s), ciência clássica, ciência da lógica, ciência da sexualidade, ciência do absoluto, ciência estatal alemã, ciência moderna, ciências empíricas, ciências frívolas, ciências humanas, citas, citoyen, civilidade, civitas, classe (social), classe burguesa, classe dirigente, classe dominante, classe média, classe operária, classe(s) trabalhadora(s), classe (dominação de), classe (sociedade de), classes hierárquicas, classes (interesses de), classes (luta de), Cocteau (J.), cogito, coisa em si, coisa pensante, coisas materiais, comédia, competição, Comte (A.), comunidade, comunidade autárquica, comunidade civil, comunidade da família, comunidade de cidadãos, comunidade de pensadores, comunidade de puros espíritos, comunidade dos seres racionais, comunidade perfeita, comunidade política, comunismo, conceito(s), conceito(s) (formação do ou dos), conceito claro e distinto, conceito formal, conceito substancial, conceito (dialética superior do), conceito (diferenças do), conceito (exame do), conceito (lógica do), conceito (momento do), conceito (natureza do), conceito (negatividade do), conceito (objetividade do), conceito (realização do)...